
Quando eu era criança e em solteira, os meus Natais eram quase todos passados no Norte, com os meus avós, tios e primos.
Lembro-me, que tinhamos que sair de madrugada, debaixo de um manto de geada, para fazermos uma viagem de quase 10 horas, e quando chegavamos tinhamos sempre à nossa espera um Caldo quentinho, feito nos Potes pretos de três pernas, que estavam sempre a fumegar no Borralho.
Os meus avós tinham sempre uns saquinhos com uns doces feitos de açucar de várias cores, que se chamava de confeitos.
Na Consoada, comiamos o tradicional Bacalhau com Couves e Batatas, e depois a Aletria e o Pão de Ló feito pela minha avó.
O Serão era em volta do Borralho, e estavamos sempre a mexer no lume com uns paus (não mexas no lume, que depois fazes xixi na cama, diziam os mais velhos), e contavam-se histórias dos tempos antigos, que nos deixavam encantados.
De manhã quando acordavamos, iamos a correr para o dito Borralho, e lá dentro dos nossos sapatos, encontrava-se as nossas prendas (só uma para cada um).
Durante o dia de Natal estreavamos uma roupa nova e iamos brincar com o que tinhamos recebido e mostrar aos nossos primos.